Em termos de paisagem, o que temos hoje por "natural" pode se tratar de um paleoterritório usado por populações passadas. O presente projeto tem como área de atuação o Maciço da Pedra Branca, localizado na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro. Este trecho urbano de Mata Atlântica foi palco de intensa exploração para fabricação do carvão vegetal nos séculos XIX e início do XX. Em sua maioria os carvoeiros eram ex-escravos e o seu espectro de ação foi bastante amplo, sendo encontradas quase duas centenas de carvoarias, além de ruínas de suas moradias no interior da floresta. Por outro lado, existem evidências de que o carvão vegetal consistia na matriz energética da cidade na virada do século XIX para o XX. A industrialização e principalmente a construção civil eram a sua principal demanda. O processo de invisibilidade social ao qual carvoeiros foram submetidos é proporcional à dimensão do trabalho que realizaram. O projeto objetiva examinar a relação floresta-cidade do ponto de vista do seu metabolismo social, estudando o seu processo produtivo histórico, as fontes de demanda e as respostas bióticas do ecossistema a essa exploração. Por meio de levantamentos de campo como localização de carvoarias, inventários fitossociológicos, estudos antracológicos, pesquisa sobre a funcionalidade do ecossistema e, ainda, entrevistas com antigos moradores se procurará conhecer o processo da formação de uma paisagem cultural que integra sociedade/natureza e floresta/cidade.