PPG Geo

O Vale do Rio Paraíba do Sul, área de estudos deste capítulo, tinha, por volta de 1700, uma rica e densa floresta, que cobria as serranias, desdobrava-se por morros e colinas e cobria vales estreitos, onde os cursos d’água desapareciam sob o teto das ramagens. Assim, constituía-se quase como um indevassável labirinto vegetal. Contudo, em meados do século XIX, o café alcançou a região e, por conta disso, essas paisagens sofreram intensas transformações, que perduram até os dias atuais. Muitas delas estão atreladas ao fato de se acreditar que o café tinha de ser plantado em solo coberto por floresta “virgem”; assim, milhares de hectares de florestas foram, num curto período, transformadas em cafezais. O principal legado socioecológico evidente na atual paisagem do Vale do Paraíba, portanto, é de extensas áreas cobertas por gramíneas exóticas, salpicadas por pequenos fragmentos de floresta em diferentes estágios sucessionais, mas principalmente em estágio inicial e intermediário, sob intenso efeito de borda. Por conta disso, a questão que norteia este capítulo é: quais são as características da atual vegetação que recobre as áreas utilizadas para a produção de café nos séculos XIX até meados do XX no Vale do Paraíba? O objetivo geral é avaliar a estrutura e a composição florística do estrato arbustivo-arbóreo e as trajetórias sucessionais de cinco áreas que foram utilizadas no passado para a produção de café. Desse modo, pretende-se investigar se essas florestas, que compartilham um mesmo último uso, têm características em comum, bem como verificar o grau de ameaça de todas as espécies identificadas.