Neste trabalho buscou-se analisar a trajetória da evolução da paisagem do Vale do rio Paraíba do Sul (RJ, MG e SP) desde as lavouras de café do século XIX até o cenário atual de pastagens, procurando-se identificar as resultantes socioecológicas desta transformação. Foram combinados dados de campo (entrevistas semiestruturadas e observação direta), dados de censos agropecuários e demográficos e documentos históricos. Os trabalhos de campo foram realizados no município de São José do Barreiro - SP. O objetivo foi reunir as memórias individuais e coletivas de pecuaristas e ex-pecuaristas sobre a distribuição de duas gramíneas, o capim-gordura (Melinis minutiflora P. Beauv.) e a braquiária (Brachiaria spp.), através do tempo. Pelo baixo volume de documentação encontrado sobre a formação da atividade da pecuária na região, os relatos colhidos durante as entrevistas propiciaram a compreensão da transição das paisagens, marcadamente a distribuição das gramíneas nas mesmas. As explicações para o decréscimo da atividade cafeicultora e o crescimento da pecuária na região não puderam ser explicadas somente por fatos socioeconômicos. Deve ser ressaltado o papel que os fatores físico-ecológicos, em especial as características eco-fisiológicas das duas espécies de gramíneas desempenharam na moldagem da atual paisagem do Vale do rio Paraíba do Sul.