PPG Geo

No início dos anos 1990, os arrastões ficaram conhecidos no Rio de Janeiro como eventos nos quais furtos e roubos eram cometidos por bandos de jovens, particularmente nas praias, marcando fortemente a experiência nestes espaços e alterando o imaginário acerca das práticas balneárias na cidade. Este artigo se propõe a compreender, a partir da análise de notícias de jornal, o debate público que antecedeu à estabilização dos conteúdos relacionados ao arrastão e de sua localização nas praias da orla marítima da Zona Sul carioca. Recuando até o início da década de 1980, quando os arrastões ocorriam em outros espaços da cidade, o estudo se estende até o “verão do arrastão” (1991-1992), quando a prática se associa definitivamente à orla carioca e é profundamente requalificada. O artigo procura também destacar, além das próprias definições da prática e dos atores envolvidos, os elementos que constituíram a espacialidade de tal fenômeno, com ênfase para a centralidade e a visibilidade dos espaços públicos, e as relações e conexões entre diferentes espaços da cidade.