As florestas da bacia do Paraíba do Sul estão hoje reduzidas a remanescentes isolados, mais expressivos no relevo montanhoso. A maior parte da bacia é atualmente ocupada por pastagens, em grande parte degradadas. O presente trabalho buscou realizar uma investigação etnobotânica das gramíneas forrageiras no município de São José do Barreiro (SP), aplicando-a ao estudo de percepção de pecuaristas sobre as espécies forrageiras e as paisagens locais; à compreensão de formas de uso e manejo dessas espécies e suas resultantes ecológicas; à reflexão da trajetória e distribuição das pastagens na região do Vale do Paraíba e sua relação com a conservação local. Foram realizadas saídas de campo mensais, entre julho de 2016 e junho de 2017 para entrevistas e turnês guiadas com quatorze pecuaristas locais. Diversas espécies de gramíneas foram cultivadas na região após o ciclo do café, em diferentes épocas, mas os capins gordura e o braquiária se destacaram, pela presença em larga escala na paisagem. As consequências socioambientais da sucessão das gramíneas forrageiras implantadas na região foram: a homogeneização da paisagem, a invisibilização das diversidades biológicas e culturais, a dissociação e o despertencimento. As áreas protegidas locais necessitam de estudos que abarquem a percepção dos diversos atores locais envolvidos na conservação da biodiversidade. São estimuladas pesquisas e ações que tornem visíveis as diversidades biológica e cultural ainda existentes.