PPG Geo

Há pouco tempo a pesquisadora Camila Rezende e colaboradores (2018) publicaram um estudo feito por meio de um levantamento de imagens de satélite com maior precisão. A conclusão é que a área do bioma da Mata Atlântica está mais preservado do que se supunha até agora. O estudo revelou que ainda existe 28% de floresta conservada. No total, sua área ultrapassa 1 milhão de quilômetros quadrados, uma extensão equivalente à superfície de dois estados de Minas Gerais. Essa notícia, embora absolutamente correta, deve ser celebrada com certa cautela. Primeiramente Mata Atlântica é uma generalização que se faz em cima de paisagens extremamente heterogêneas. Pela visão do satélite, o que se obtém mais claramente é contorno da mancha florestada. Quase nada se obtém, por exemplo, sobre a biodiversidade de um fragmento. Pode ser tanto uma floresta secundária ou primária que o seu contorno será sempre o mesmo. Em segundo lugar, em tempos de expansão das fronteiras agrícolas, isso pode representar um verdadeiro fogo amigo: os proprietários de terras que desejam aumentar sua área cultivada ou pastagens em cima dos remanescentes florestais podem argumentar que a defesa das florestas é exagerada e se apoia em “ideologias” ensejando a divulgação de inverdades sobre o estado do bioma. Afinal, passar de 14% para 28% de mata remanescente é uma mudança significativa.