O presente artigo tem como objetivo analisar a morfogênese do relevo da borda oeste do Rift Continental do Sudeste do Brasil (RCSB) no divisor hidrográfico Paraná / Paraíba do Sul, localizado na Serra da Mantiqueira. Para tanto, serão realizadas análises morfológicas e morfométricas do relevo em bacias hidrográficas que drenam tanto para o interior do continente sobre o planalto no reverso da Serra da Mantiqueira – Bacia Hidrográfica do Rio Grande - quanto para bacias que drenam a frente escarpada da serra em direção ao Bacia Hidrográfica do Rio Paraíbuna. Utilizou-se como base para a realização do trabalho o levantamento de informações bibliográficas, análises em ambiente SIG, trabalhos de campo e elaboração de mapas. A análise dos perfis topográficos e longitudinais dos rios indicam a existência de morfologias de relevo planáltico para bacias que drenam a frente escarpada da Serra da Mantiqueira. A amplitude de relevo nas bacias que drenam o planalto interiorano é mais baixa que as bacias que drenam para o RCSB, variando entre 200m e 500m respectivamente. A densidade de knickpoints é maior nas bacias que drenam para o RCSB o que pode ser comprovado pela presença de rupturas no perfil longitudinal dos rios. Os lineamentos estruturais apresentaram orientação preferencial para N50W e N40W, este comportamento também pode ser observado entre as bacias interioranas e do graben do Paraíba do Sul quando analisadas separadamente. A orientação dos canais de drenagem de 1ªe 2ª ordem indicou forte controle estrutural nos rios, uma vez que as orientações preferencias identificadas foram para o quadrante NW, principalmente para os canais associados à sub-bacia do rio Paraíbuna que apresentou N50W como a direção mais representativa. Em termos morfométricos, as taxas máximas e mínimas de SPI apresentaram mudanças significativas nos valores entre as bacias, contudo, o valor médio das bacias se manteve semelhante. De maneira geral, as bacias que drenam para o RCSB apresentam os valores máximos mais elevados em relação às bacias do planalto interiorano. Este comportamento aponta para um maior potencial erosivo nas bacias que drenam frentes escarpadas do que nas bacias situadas nos planaltos superiores com morfologia mais suave. A análise da rede de drenagem demonstrou feições geomorfológicas típicas de anomalias, tais como cotovelos, e capturas fluviais principalmente, nas bacias afluentes da sub-bacia do rio Paraíbuna. Estas feições indicam processos de reorganização fluvial por meio de capturas de drenagem, que ao capturar rio adjacentes, promovem mudança na direção do segmento do rio, formando um cotovelo, bem como, a formação de um divisor rebaixado e um vale superdimensionado. O conjunto de análises aponta para o fato de que os afluentes da bacia hidrográfica do Rio Paraibuna apresentam maior agressividade no processo de dissecação do relevo do que aqueles que drenam as terras altas da Serra da Mantiqueira em direção ao Rio Grande.