O bioma da Mata Atlântica, após cinco séculos de degradação, hoje está disposto em pequenos fragmentos florestais. Projetos que busquem recuperar a floresta para reaver o habitat de milhares de espécies endêmicas e garantir a provisão de serviços ecossistêmicos são urgentes. Um dos obstáculos na restauração é a produção de mudas, visto que se observa baixo desempenho para algumas espécies e alto custo. Nesse contexto, o presente estudo avaliou o efeito do biocarvão na composição dos substratos para mudas de espécies da Mata Atlântica usadas na restauração florestal. O biocarvão é um produto obtido a partir da pirólise de resíduos, que pode ser aplicado aos solos para melhorar sua qualidade nutricional. Nesse estudo o biocarvão foi produzido a partir de Gliricidia. As espécies utilizadas no experimento foram: Schinus terebinthifolius, Cariniana legalis, Senna multijuga e Trema micrantha. Os tratamentos foram (30 repetições cada): controle, 20 por cento de biocarvão, 40 por cento de biocarvão e calcário. A germinação, altura e o diâmetro do coleto das mudas foram mensurados mensalmente. Grupos focais com os viveiristas e entrevistas com os técnicos foram realizadas, assim como, análise de custo-benefício dos substratos. Após a fase nos viveiros as mudas foram transplantadas para uma área degrada e foi adicionado hidrogel em metade dessas plantas. A taxa de sobrevivência foi calculada. O substrato com biocarvão apresentou o melhor custo-benefício para a Schinus terebinthifolius, Senna multijuga e Trema micrantha. O uso do biocarvão como uma alternativa para os substratos foi de interesse para a grande maioria dos viveiristas. No plantio, as mudas de Schinus terebinthifolius apresentaram alta taxa de sobrevivência; ao contrário da Cariniana legalis que apresentou baixa sobrevivência para os tratamentos com biocarvão; e as de Senna multijuga e Trema micrantha de sobrevivência elevada a moderada.