Nos interessamos aqui por pesquisar o trabalho feminino a partir das noções do trabalho como afirmação e negação do ser em si, permeado por processos das pseudoconcreticidades, nos termos de Karel Kosik (1969), que se erguem em sociedade sob as mais variadas formas, incluindo os discursos emancipatórios. Pensar em pseudoconcreticidades, exige um pensar crítico e interessado. Nesse caso, interessado e interesseiro sobre o espaço. Assim, temos que olhares lançados sobre o mundo devem ser na tentativa de desvendá-lo, de ultrapassar suas aparências, frisando sempre que aparência e essência não são separadas e ambas compõem o real, o verdadeiro. A partir disso, propomos uma discussão e reflexão sobre as condições do trabalho feminino constantemente naturalizadas. Assim, nos inquietamos em investigar o trabalho da mulher, vez que nos interessamos por um cotidiano onde desenvolvem múltiplas atividades notadamente no âmbito do lar. Para tal, achamos conveniente nos debruçar e iniciar desenvolvendo um tópico sobre Trabalho e Espaço. Pretendemos nesse tópico levantar algumas considerações para, a partir disso, propormos uma discussão de gênero; em seguida, introduzimos um estudo de aproximação a partir do trabalho doméstico não-remunerado e em domicílio desenvolvido por mulheres da COOPA-ROCA (Cooperativa de Trabalho Artesanal e de Costura da Rocinha LTDA); acreditamos que o trabalho desenvolvido por essas mulheres é uma excelente oportunidade de aproximação, observação e pesquisa.